História

História da Paróquia São João Bosco

Não está ao nosso alcance fazer um estudo aprofundado da origem da Paróquia São João Bosco, mesmo porque o tempo e as fontes não seriam suficientes. É nossa intenção apresentar aos paroquianos e leitores o porquê, o quando, o como e o para que foi criada a Paróquia São João Bosco. Retrocedendo no tempo, vale lembrar que o Bispo de Cuiabá Dom Carlos Luiz D’Amour em 1886 e os padres salesianos, desde 1898 percorriam toda a região sul do então estado de Mato Grosso. O Pe. José Solari naquele mesmo ano, visitara Campo Grande, que era formada por cerca de 90 casas, hospedando-se na casa do Sr. Bernardo Baís.

Em 1910, a Santa Sé, desmembrava a Diocese de Cuiabá, criando a Diocese de Corumbá, com jurisdição sobre todo o atual estado de Mato Grosso do Sul. Somente em 1912, porém, tomava posse da diocese de Corumbá o seu primeiro bispo, Dom Cirilo de Paula Freitas, que imediatamente criou a Paróquia de Santo Antônio de Campo Grande. Infelizmente, a falta de sacerdotes impedia o normal fun­cionamento da paróquia, que passou a ser atendida saltuariamente pelos padres Salesianos vindos de Corumbá.

Escarafunchando nos meandros do passado, descobrimos que a presença dos salesianos em Campo Grande se deve a um acontecimento fortuito, sinal talvez da Providência Divina.

Em 1924 tinham chegado da Áustria os padres redentoristas, que se estabeleceram na paróquia Santo Antônio, mas que após apenas dois meses se retiraram por ordem dos seus superiores. Isto foi no mês de junho de 1924. Dom José Maurício da Rocha (1919-1927), segundo bispo de aos salesianos que assumissem a paróquia Santo Antônio. Em 17 de agosto do mesmo ano o Pe. Hipólito Chovelon salesiano, até então pároco de Corumbá, assumiu solenemente a paróquia de Santo Antônio de Campo Grande, registrando o acontecimento em ata, assinada pelas autoridades presentes. Foi assim que os salesianos começaram a sua longa caminhada em Campo Grande até os dias de hoje. O pe. Hipólito Chovelon ficou por pouco tempo em Campo Grande, pois em 1925 encontramos como pároco da paróquia Santo Antônio o pe. Romualdo Lettieri. Em 1926 é nomeado pároco o pe. Clemente Doroszeswski, que permanece até o ano de 1929.

Em 1930, o terceiro bispo de Corumbá, D. Antônio de Almeida Lustosa (salesiano), Missionários Redentoristas norte americanos. Nesse mesmo ano os Salesianos já tinham dado início à obra Salesiana em Campo Grande, abrindo o Ginásio Municipal Dom Bosco.

Em 1936 a paróquia continuou confiada aos salesianos, e em 1938 foi pároco o Pe. Samuel Galbusera, substituido durante o ano pelo Pe. Francisco Mahar, que deveria preparar a divisão da paróquia Santo Antônio.

Em 1938,o quarto bispo de Corumbá, D. Vicente Maria Priante, julga necessário dividir a Paróquia Santo Antônio de Campo Grande, dando assim origem a mais duas paróquias.

Em 2 de janeiro de 1939 é criada a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, confiada aos padres Redentoristas, que assumiram também a paróquia Santo Antônio.

Em 7 de maio do mesmo ano, a Paróquia de São João Bosco, era confiada aos Salesianos. Interessante observar, pois, que os salesianos já eram párocos em Campo Grande da paróquia Santo Antônio, desde 1924, com a vinda do Pe. Hipólito Chovelon .

Conforme se lê no Decreto de criação da Paróquia São João Bosco, a sede da nova Paróquia seria a capela do Colégio Salesiano “Ginásio Municipal Dom Bosco”.

Decreto de criação:

Vale a pena transcrever a parte do decreto de Dom Vicente Priante, bispo da então única diocese do atual Mato Grosso do Sul, em que se traçam os limites da paróquia:

“Da cabeceira do córrego Segredo tire-se uma linha recta até encontrar a cabeceira do córrego Imbirussu, por este abaixo até sua foz no Anhandui, por este acima até a foz do córrego Lageado e por este acima até sua mais alta cabeceira,daqui em linha recta até a cabeceira do Anhanduizinho, por este abaixo até sua foz no rio Anhandui, por este acima até a foz do rio Santa Luzia, e por este até o rio Gaivota, subindo a vertente deste até apanhar o espigão e descendo daqui até a foz do Piau. E daqui, em linha reta até a Ponte do Alegrete, subindo pelo rio Verrote até a foz do Taquara, e por este até o Divisor do Passa Tempo, descendo até a foz do ribeiro Carrapato, no Brilhante e por este acima até sua mais alta cabeceira; daqui uma linha recta até a cabeceira do rio Buriti, e por este abaixo até o rio Aquidauana e por este acima até a foz do ribeirão Ceroula, e por este até sua mais alta cabeceira, e daqui em linha recta até a cabeceira do Rio das Botas ; desta em linha recta até apanhar o perímetro da cidade na rua Maracajú, pertencendo ambos os lados da rua à paróquia de São João Bosco, até o rio Segredo; do rio Segredo acima até sua cabeceira.”

Para que os nossos leitores não pensem que a paróquia foi criada do nada, é bom lembrar que os padres salesianos, sobretudo o Pe. Antônio Franco, já percorriam aquelas regiões, visitando as vilas e fazendas. Desta forma, já em l939 a paróquia estava dividida em quatro partes :

1ª: Oeste, que compreendia Rincão, Cachoeirinha, Cachoeirão, Pateirinho, Mateira, Rincãozinho, Salobra, Rochedinho, Canastrão Lázaros, etc.

Sudoeste: São Bento, Brilhante, Guariroba, Serrote, Vacaria, Carrapato, etc.

Sudeste: Bacia do Anhandui, Três Barras, Estiva, Esperança, Salto, Engano, etc.

Campo Grande: Capela do Colégio Maria Auxiliadora, Hospital da Santa Casa, Capela de São Benedito-Cascudo, aos cuidados das Irmãzinhas de Jesus Adolescente.

Primeiro Pároco: Pe.Miguel Curró

Numa ata do capítulo da casa do Colégio Dom Bosco de 20 de março de 1939, estando presentes o Pe. João Greiner, diretor, o Pe. José Luiz Valentim e o Pe. Bruno Mariano, o Pe. Inspetor, anunciou a vinda do Pe. Miguel Curró, para tomar conta da nova paróquia.

De fato o Pe. Miguel chegou, mas por motivos que iremos apresentar, foi transferido para a cidade de Bauru SP.

Quem foi o Pe. Miguel? Nasceu na Itália, na Sicília (na cidade de Catânia) em 1871. Em 1903 é ordenado sacerdote em Cuiabá. Foi mestre de noviços, diretor em várias casas, mas, sobretudo foi como diretor do São Gonçalo de Cuiabá que levou até o fim a construção do magnífico Santuário de Maria Auxiliadora. Em 1934 ere pároco de Campo Grande, paróquia santo Antônio, quando sintomas aparentes de lepra o levaram a Bauru, na colônia Aimorés entre os leprosos para procurar a cura da doença. Mas a Providência quis que em poucos meses ficasse completamente curado. Quando em 1939 deixou a Colônia Aimorés para poder tomar posse da nova paróquia Dom Bosco, os doentes de hanseníase não se resignaram em perder aquele que em pouco tempo se tornara um pai e um diretor das suas almas. Os pedidos para que o Pe. Miguel voltasse a Bauru chegaram até o Reitor Mor dos salesianos, Pe. Ricaldone. Quando perguntaram ao Pe. Miguel se queria voltar para Bauru, ele disse: ”O soldado vai onde o general o manda”. E Pe. Miguel assim não foi o primeiro pároco da Paróquia Dom Bosco mas voltou para Bauru onde ficou por vinte anos. Os seus últimos anos os viveu na Chácara São Vicente, Campo Grande, e quem escreve o viu aos 90 anos cuidar com todo carinho das parreiras de uvas. Se não chegou a ser o primeiro pároco ,certamente a sua santidade foi uma bênção para a nova paróquia. Faleceu no dia 2 de maio de 1963. O arcebispo de Botucatu disse: Foi um santo: o seu exemplo permanece como um monumento na Colônia leprosário Aimorés.. Na ata supracitada se dizia a respeito do Pe. Miguel “a vinda desse bom salesiano será certamente uma bênção para a nossa casa casa”.. e assim foi.

Segundo Pároco pároco: Pe.João Greiner

O pe. Inspetor, Pe. Carletti indicou então para ser o primeiro pároco da nova paróquia o Rev. Pe. João Greiner diretor do Colégio Dom Bosco, naquele tempo denominado “Ginásio municipal Dom Bosco”. Impossibilitado de exercer a função de diretor do colégio e pároco, na realidade, foi encarregado o Pe. José Luiz Valentim para dar assistência assistência na nova paróquia.

Agora poderíamos nos perguntar: afinal quem foi o pe. João Greiner.

O pe. João Greiner nasceu no dia 7 de março de 1905 em Hiltersried-Baviera-Alemanha. Os seus pais João e Francisca muito cedo fizeram nascer no coração do filho o entusiasmo pela vocação sacerdotal. Com 10 anos de idade entrou no ginásio em Ratisbona. Em 1922 entrou no noviciado recém-criado, e professou no dia da Imaculada Conceição, Mãe de Deus. Pouco depois se colocou à disposição do trabalho missionário no Brasil. Em Corumbá estudou filosofia, e teologia na Crocetta-Turim-Itália. Em seis de julho de 1930 foi ordenado sacerdote. Feliz voltou para o Brasil, onde os superiores o nomearam coordenador dos estudos no recém fundado “Ginásio Dom Bosco” de Campo Grande. Apenas com trinta anos de idade foi nomeado diretor da casa Santa Teresa de Corumbá e em 1937 diretor do Ginásio Municipal Dom Bosco de Campo Grande. Em 1941 foi diretor em Silvânia-Goiás, em seguida diretor em Tupã-São Paulo e novamente em Campo Grande do Colégio Dom Bosco até meados de 1949.

Tendo conquistado a confiança dos superiores maiores, em 1949 foi nomeado inspetor da Inspetoria da Alemanha, desenvolvendo um trabalho imenso, pois, o país acabava de sair da segunda guerra mundial e era necessário reconstruir quase tudo. Em 1958 a obediência o devolveu a Mato Grosso na qualidade de inspetor. Não podemos esquecer que durante a sua estadia na Alemanha conseguiu entusiasmar uma plêiade de jovens salesiano alemães que vieram para o Brasil como missionários. Terminado o seu mandato em 1966 voltou para a Alemanha com a saúde já fragilizada. Foi-lhe confiada a Procuradoria Missionária em Bonn, naquele tempo capital da Alemanha Ocidental. Problemas neurológicos o levaram a uma morte prematura. Faleceu em Mônaco da Baviera no dia 15 de agosto de 1970.

Terceiro Pároco: Pe.José Luis Valentim

O Pe. José Luis Valentim, já sobrecarregado de trabalho pelas suas múltiplas atividade no internato salesiano e nas aulas no Ginásio Municipal Dom Bosco, desde o dia 7 de maio de 1939 entregou-se corpo e alma na estruturação da recém criada paróquia. O Pe. Valentim já beirava os 50 anos tendo nascido em 28 de julho de 1890. Era originário da cidade de Araras-SP, filho de imigrantes italianos, católicos fervorosos que transmitiram ao filho, com o exemplo da vida uma profunda formação religiosa: daí se explica o desabrochar da vocação sacerdotal e religiosa. Foi aluno interno no colégio salesiano de Lorena-SP onde fez o curso ginasial. Em 1911 fez a primeira profissão religiosa e em 20 de setembro de 1919 era ordenado sacerdote em Montevidéu-Uruguai. Com um notável pendor pela música, habilitou-se nesta arte, tornando-se um grande maestro e compositor. Voltou ao Brasil e trabalhou em várias casa da inspetoria de São Paulo. Em 1937 o Pe. Ernesto Carletti precisando de ajuda, convidou o Pe. José Luis Valentim para trabalhar em Mato Grosso. Ele aceitou entusiasta e, assim em 1938 o encontramos no colégio de Silvânia-Goiás. Em 1939 é destinado para Campo Grande na qualidade de catequista (atualmente coordenador da pastoral) e encarregado da parte musical do Ginásio Municipal Dom Bosco. Pelos motivos já conhecidos, todo o peso da incipiente paróquia Dom Bosco recaem sobre os ombros do Pe. Valentim.

Até o fim de 1939 a paróquia se adapta à nova realidade. Não sendo pois possível que o pároco fosse o diretor do colégio e na prática o responsável direto fosse o Pe. Valentim, os superiores acharam por bem pedir ao senhor bispo que nomeasse o Pe. Valentim como pároco efetivo, e assim foi. Em 21 de janeiro de 1940 o novo pároco toma posse.

Antes, porém de relatar as inúmeras iniciativas do Pe. Valentim, precisamos acrescentar um breve, mas importantíssimo esclarecimento sobre os limites da paróquia. A divisória entre a paróquia do Perpétuo Socorro e Dom Bosco seria o córrego Segredo, porem se esqueceram que a capela de São Benedito, assistida pelos salesianos, ficara na paróquia dos redentoristas, enquanto parte dos frequentadores morava na paróquia dom Bosco. Desta forma,de comum acordo com os padres redentoristas ,os limites foram mudados: da rua Maracajú até o Segredo, do Segredo até à ponte do Cascudo junto à ponte da estrada de ferro; daquela ponte, pela estrada de rodagem, até a nascente do Imbirussú, onde continua a linha dos limites normais.

O ano de 1940 foi riquíssimo de novos empreendimentos. Na capela de São Benedito, no dia 03 de março se inaugurou o catecismo dominical, sob a orientação das Irmãzinhas de Jesus Adolescente.

Em 14 de março 1940 deu-se início ao Pequeno Clero com os alunos externos. No dia seguinte foi instalada a Conferência Vicentina, com a tomada de posse no dia 24 de março.

No dia 30 de março começou a associação dos Santos Anjos com 20 associados. Foi restabelecida em 21 de abril a Arquiconfraria de Maria Auxiliadora (atualmente ADMA) com a secção dos Zeladores e Zeladoras em número de vinte pessoas.

Foi restabelecida em 10 de maio de 1940 a Congregação Mariana com duas secções: adultos e crianças. Em 11 de julho de 1940 foi inaugurada a sede social dos coroinhas. No mesmo dia foi inaugurada também a sede social dos Marianos. Em 21 de julho 1940 deu-se início aos Tarcisios, grupo formado por aspirantes a coroinha. Em 12 de agosto receberam a fita verde os primeiro 10 afiliados. Na paróquia funcionava o oratório quotidiano. No último domingo de outubro realizou-se o Certame Catequético. Em 6 de outubro de 1940 fundou-se o Catecismo Dominical sob a direção de uma irmã do Colégio Maria Auxiliadora, atividade que continua até 2010.Em 6 de abril de 1941 no colégio das irmãs salesianas o Pe. Valentim deu início às reuniões com as Filhas de Maria.

Em 1942, no mês de janeiro, o Pe. José Luis Valentim foi transferido para LINS-SP na qualidade de CATEQUISTA (orientador de pastoral) no colégio de recente fundação.

Quarto Pároco: Pe. José Xhardy

Como pároco chega de Cuiabá o Pe. José Xhardy. O novo Vigário (assim até poucos anos atrás eram denominados os párocos) nascera na Alemanha em 1885. Tendo conhecido os salesianos, por motivos de saúde foi aconselhado pelos médicos procurar climas mais quentes; assim foi enviado ao Brasil. Em Cuiabá continuou os estudos. Fez a primeira profissão em 1913 e foi ordenado sacerdote em 1920. Dedicou-se ao trabalho duro das “Desobrigas” percorrendo toda a diocese de Cuiabá. Tendo ficado gravemente doente , a obediência o trouxe para Campo Grande como vigário da paróquia de São João Bosco. Durante o ano de 1942 o Pe. José Xhardy foi vigário dedicado e zeloso sobretudo no cuidado dos pobres e na regularização de casamentos.

Em janeiro de 1943 os superiores transferiram o pe. José Xhardy para o são Gonçalo de Cuiabá.

Quinto Pároco: Pe.José Valentim

O Pe. José Luis Valentim voltou para Campo Grande na qualidade de diretor do Colégio dom Bosco e Vigário da paróquia Dom Bosco. Sabendo por experiência que o diretor do colégio não pode ser vigário em tempo integral, foi nomeado o Pe. Tomás Ghirardelli como pró-vigário. De fato pelas crônicas sabemos que embora o titular da paróquia fosse o Pe. Valentim na prática o Pe. Tomás exercia a função em plenitude. Começou assim em 1943 o longo período em que o inesquecível Pe. Tomás esparramou de mãos cheias em Campo Grande e seus arredores toda a fogosidade do seu ardor apostólico. Em janeiro de 1945 os superiores acharam por bem efetivar o Pe. Tomás como vigário titular liberando o Pe. Valentim do encargo da paróquia.

Sexto Pároco- Pe. Tomás Ghirardelli

Deixaremos para outra oportunidade uma apresentação mais detalhada do trabalho desenvolvido pelo Pe. Tomás procurando focalizar brevemente o ambiente global que viu nascer a paróquia dom Bosco. É de suma importância lembrar que a paróquia Dom Bosco nasceu praticamente como uma consequência lógica do colégio Dom Bosco. A comunidade dos educadores salesianos tinha como objetivo formar as crianças e os jovens para serem bons cristãos e honestos cidadãos. Mas só isto não seria suficiente se não se alcançasse toda a população abrangente. Porem, o fermento necessário deveria provir de um núcleo de pessoas de sólida formação que pudesse transmitir, pela palavra e pelo exemplo, novos ideais grande amor à Igreja. Impossível falar sobre cada um dos salesianos que passaram pelo Dom Bosco nos primeiros anos da paróquia; lembraremos os mais expressivos e conhecidos. Pe. Pedro Cometti: assistente dos internos, professor de música e canto, grande organizador. Pe. Angelo Venturelli, assistente, professor e mundialmente conhecido pela ECICLOPÉDIA BORORO. Pe. Pedro Sbardellotto, assistente e por mais de 50 anos missionário entre os Xavantes. Pe. Bruno Mariano, conselheiro (coordenador dos estudos), construtor dos primeiro prédios da Chácara São Vicente, bom pregador. Pe. Antônio Franco, missionário das “desobrigas” em todas as capelas do interior da paróquia. Pe. Pedro Pinto Ferreira,diretor em 1941-1942. Pe. Rodolfo Wohlrab, clérigo Francisco Gufler, Pe. Pedro Heisel, Pe. João Augusto Hadzinski, Pe. Lourenço Scribante, Pe. Domigos Corso, mestre Jacó Maria, mestre Francisco Veronese. Poderíamos continuar, mas isto nos da uma idéia de quantas pessoas estiveram envolvidas no trabalho que a paróquia salesiana desenvolveu desde o seu nascimento, pessoas que marcaram a história dos salesianos em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. A eles a nossa eterna memória.

O Pe. Tomás Ghirardelli (pronuncia-se GUIRARDÉLLI) fora nomeado pró-vigário da paróquia São João Bosco, sendo o vigário titular o rev. Pe. José Luis Valentim que, ao mesmo tempo era diretor do Ginásio Municipal Dom Bosco.

Em 1945 Pe. Tomás foi efetivado na qualidade de vigário (pároco), considerando que o diretor do Ginásio não podia exercer plenamente as duas funções. O Pe. Tomás continuou como vigário titular até o dia 09 de dezembro de 1948 quando viajou para a sua terra natal em visita aos seus familiares.

É bom lembrar que o Pe. Tomás chegara ao Brasil em 1936, e portanto voltou para a Itália depois de 12 anos de ausência. Voltando da Itália em começo de 1949 é destinado para a casa salesiana de Tupã, no estado de São Paulo, onde permanece apenas por um ano, voltando em seguida para a paróquia Dom Bosco de Campo Grande.

Em 1954 encontramos o Pe. Tomás em Corumbá como vigário da catedral, ali permanecendo por três anos. Talvez poucos saibam que em frente à Igreja da Candelária em Corumbá se ergue um monumento a Nossa Senhora Imaculada fruto do trabalho de Pe. Tomás em comemoração do centenário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição de Maria proclamado em 1854 pelo papa PIO IX. Mas o Pe. Tomás não podia ficar por muito tempo longe de Campo Grande. Aliás, contam que nas orações dos fiéis da paróquia Dom Bosco, muitas vezes se ouvia a invocação “pela volta do Pe. Tomás” Assim o Pe. Tomás em 1957 está “de volta” a Campo Grande, retomando as suas incansáveis atividades entre os pobres e doentes. No fim de 1960 Pe. Tomás retorna à sua terra para uma rápida visita aos parentes, e como da primeira vez, à sua volta, a obediência o destina novamente para Tupã, agora como vigário (pároco) da Paróquia salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora. O Pe. José Corazza, ao fazer o esboço biográfico do Pe. Tomás (carta mortuária) relata que “nesta cidade, tendo ido assistir a um comício comunista, para prevenir qualquer abuso, levou tremenda paulada na cabeça, necessitando de 17 pontos para consertar o couro cabeludo” A atitude desses adversários da fé cristã motivou a repulsa geral do povo e das autoridades da cidade inteira.

Em 1963 e em 1964, a volta do Pe. Tomás para Campo Grande, foi adiada para 1965.

No ano de 1963 foi designado pároco na missão Sagrado Coração de Jesus entre os nossos indígenas Bororos, realizando assim o seu sonho missionário.

Em 1964 encontramos o Pe. Tomás em Cuiabá, pároco da catedral Bom Jesus, terra do grande arcebispo salesiano Dom Francisco de Aquino Correa.

Finalmente e mais uma vez, em 1965 Pe. Tomás volta a Campo Grande, à frente da paróquia São João Bosco até 1974. Após dez anos de trabalho paroquial, os superiores julgaram oportuno dar-lhe uma folga, nomeando um novo pároco na pessoa do Pe. José Foralosso. O Pe. Tomás porem continuou trabalhando como vigário paroquial até 1977, quando foi transferido para Corumbá, pároco do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora. Começou assim uma nova rodada de mudanças. Em 1979 o Pe. Tomás volta a Cuiabá como vigário paroquial da paróquia São Gonçalo, no Porto. Em 1980 e 1981 volta às missões em Sangradouro na qualidade de vigário (pároco). Em 1982 encontramos Pe. Tomás na cidade de Alto Araguaia, Mato Grosso, atendendo à comunidade da cidade de Alto Garças, 56 km de distância de Alto Araguaia. No mesmo ano, em maio muda para Barra do Garças, pároco da catedral da nova diocese. Em 1984 consegue realizar o sonho de erguer no alto do morro das Antenas, morro que paira altaneiro sobre a cidade de Barra do Garças, uma estátua de 12 metros de altura do Cristo Redentor. No fim do ano Pe. Tomás “volta” definitivamente para a sua Campo Grande retomando o trabalho entre os pobres e doentes, até o seu repentino falecimentos em 30 de novembro de 1994.

Para termos uma visão mais completa do Pe. Tomás acrescentaremos alguns detalhes da sua vida. Nasceu o Pe. Tomás Ghirardelli na Itália em 25 de março de 1913 na vila de Vicomezzano na região da Ligúria, cuja principal cidade Gênova, nos lembra o grande navegador e descobridor das Américas Cristóvão Colombo. De família profundamente católica sentiu cedo desabrochar a vocação ao sacerdócio. Entrou no seminário diocesano e em 1934 já frequentava o curso teológico. Atraído por Dom Bosco que fora canonizado em Roma naquele mesmo ano, deixa o seminário e entra no noviciado salesiano. Em setembro de 1936 deixa a Itália e parte para o Brasil, que será a sua nova pátria. Chegando ao Brasil é destinado como assistente no Oratório São José, a famosa e conhecida “CAPELINHA SÃO JOSÉ”, ao lado do grande Pe. João Crippa. Em 1937 é transferido para Ponta Porã no Colégio Dom Bosco. Em 1940 encontramos o clérigo Tomás no estudantado teológico PIO XI, Alto da Lapa na cidade de São Paulo. Terminando os estudos teológicos, em 8 de dezembro de 1941 é ordenado sacerdote pela imposição das mãos do arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar de Affonseca e Silva. Em 1942 é enviado para a capital goiana, no Ateneu Dom Bosco como encarregado da pastoral. O colégio então pertencia à inspetoria de Mato Grosso. Em 1943 começa a epopéia mato-grossense primeiro e sul-mato-grossense, depois, até à sua morte. O Pe. Tomás aos 30 de maio de 1978 recebeu a cidadania mato-grossense pela assembléia do Estado do Mato Grosso e aos 19 de dezembro do mesmo ano foi-lhe outorgada a cidadania campo-grandense. Nada mais justo para quem sacrificara toda a sua vida semeando paz, consolo e esperança nos rincões que foram embalados pelos sonhos de Dom Bosco.

Considerações finais. O Pe. Tomás praticamente passou a sua vida na cidade de Campo Grande, desde 1943 até 1994: foram 37 anos. Podemos dividir este período em duas partes. Primeira parte de 1943 até 1974, quando a sede da paróquia dom Bosco era ao lado do Colégio Dom Bosco e o Pe. Tomás foi praticamente “o pároco” pelo espaço de 24 anos. A segunda parte se caracteriza pela transferência da sede da paróquia. De 1975 até à sua morte, Pe. Tomás, nos onze anos que passou na cidade de Campo Grande continuou trabalhando na paróquia Dom Bosco, residindo no Colégio Dom Bosco na qualidade de vigário paroquial, atendendo principalmente aos antigos paroquianos que sempre frequentaram a capela do Colégio Dom Bosco.

Realizações do Pe. Tomás:

Realmente o nosso Pe. Tomás trabalhava em silêncio e sem alardes, sua característica peculiar. Não encontramos na crônica da paróquia descrições ou relatos da suas atividades. De fato o que fazemos para a glória de Deus já traz em si digna recompensa, não precisamos do louvor de ninguém. Quando, porém, o sucessor do Pe. Tomás, o Pe. José Foralosso tomou posse da paróquia em março de 1975, pôde ele constatar a imensa mole de trabalho que o Pe. Tomas desenvolvia. Na verdade, necessário se faz lembrar que a paróquia Dom Bosco tinha a sua sede no Colégio Dom Bosco, e que entre o Colégio e a FUCMAT, havia nada mais e nada menos que 15 sacerdotes que, aos domingos e feriados se colocavam à disposição do pároco, para atender às comunidades e capelas da paróquia.

As igrejas ou capelas em 1975 eram as seguintes:

1-Igreja matriz no Colégio Dom Bosco
2-Hospital Santa Casa
3-Colégio Nossa S. Auxiliadora
4-Noviciado das FMA, atualmente Instituto Missionário São José.
5-Capela São Sebastião- Cruzeiro
6-Embratel ou Capela N. S. Auxiliadora
7-Mata do Jacinto atual Paróquia do Bom Fim
8-Escola Miguel Couto
9-Educandário Getúlio Vargas
10- Hospital Mal. Rondon
11-Cadeia Pública
12-Capelas assistidas pelos padres da Chácara São Vicente

Pelo número das Capelas e Comunidades, é evidente que o Pe. Tomás precisava da ajuda generosa dos irmão do Colégio Dom Bosco. Não há dúvida porem que a alma de tudo isso era o nosso querido e saudoso Pe. Tomás.

Sétimo Pároco: Pe. José Foralosso

Dom Antônio Barbosa, ao apresentar o novo pároco da paróquia Dom Bosco, assim escrevia: “O Pe José Foralosso, embora jovem, chega a esta missão armado de larga experiência no campo pastoral, tendo exercido com zelo e proveito o ofício de pároco em Três Lagoas e posteriormente em Araçatuba, nestes últimos cinco anos, caracterizando-se pelo apreço que dispensou ao apostolado dos leigos, adultos e jovens”.

O novo pároco tomava posse em 2 de março de 1975 e já no dia 5 apresentava uma longa lista de capelas e comunidades que dependiam da paróquia dom Bosco.

1- Igreja matriz no Colégio Dom Bosco;
2-Hospital-Santa Casa;
3- Colégio N S Auxiliadora;
4 – Noviciado das F.M.A. atual Instituto Missionário São José;
5 – Capela São Sebastião-Cruzeiro;
6-Embratel ou capela N.S. Auxiliadora;
7 – Mata do Jacinto, atual paróquia do Senhor do Bom Fim;
8- Escola Miguel Couto;
9- Educandário Getúlio Vargas;
10- Hospital Marechal Rondon;
11- Cadeia Pública;
12- Capelas assistidas pelos padres da Chácara São Vicente.

A assistência religiosa era possível graças aos padres que, trabalhando no colégio Dom Bosco e na FUCMAT, aos domingos podiam dedicar-se às comunidades e capelas supra elencadas. Vale a pena relembrar os nomes desses abnegados sacerdotes: Pe. Walter Bocchi, Pe. Francisco Mahr, Pe. Pompeu de Campos, Pe Félix Zavattaro,

Pe. Angelo Venturelli, Pe. José Scampini, Pe. Tomás Ghirardelli, todos já falecidos, Pe. Arlindo Pereira de Lima – atual pároco de N.S. Auxiliadora – Paulo VI, Pe. Morales – atualmente em Nova Xavantina – MT, Pe. André Santidrian, na Espanha cuidando da saúde, Pe. Waldir Boghossian – atual bispo dos Armênios do Brasil, Pe. Kaneko, atualmente em Marília SP, Pe. Alceu Vidotti, que deixou o exercício sacerdotal, Pe. José Zerbini, atual bispo emérito de Umuarama, e por fim o Pe. José Foralosso, atualmente bispo de Marabá estado do Pará.

A paróquia contava com um grupo de Vicentinos, o Apostolado da Oração, um pequeno grupo de Filhas de Maria, três Presidia da Legião de Maria e o Clubinho Vocacional.

O Pe. José Foralosso, em falta de melhor meio de transporte, adquiriu uma bicicleta Monark para atender à paróquia na região urbana. Foi também logo encaminhado à “Adveniat” o pedido para a compra de uma condução em troca do velho jeep,e o pedido de uma Kombe à organização “Aiuto alla chiesa che soffre ” (Ajuda à igreja que sofre ), para o transporte dos agentes de pastoral nas capelas da paróquia.

A urgente necessidade de criar um local que servisse unicamente para as atividades paroquiais fez com que o bispo, Dom Antônio Barbosa, em outubro de 1975, cedesse à paróquia Dom Bosco um terreno de 70 por 80 metros, onde se pudesse construir num futuro próximo uma igreja. Pensou-se, porém, imediatamente na construção de um salão para atender às necessidades urgentes da celebração da missa e para a catequese. Para conseguir uma primeira quantia em dinheiro foi cogitada a venda de um terreno das ex-alunas salesianas.

O objetivo principal no campo pastoral, na visão do Pe. José Foralosso, era formar o Conselho Paroquial. Somente uma comunidade organizada e unida poderia realizar um trabalho pastoral eficiente e realmente eclesial. Em 09 de dezembro de 1975 foram convocados os representantes de todas as forças vivas da paróquia sob a orientação do Pe. Ubajara coordenador de pastoral da diocese de Campo Grande. Sem dúvida, a Assembleia Paroquial, talvez a primeira da paróquia, foi um acontecimento importantíssimo para lançar uma ponte entre o passado e as novas exigências após o Concílio Vaticano Segundo.

Em 1976, também foi realizado o sonho de ter uma nova sede da paróquia dom Bosco dando início à construção do salão paroquial na Vila Gomes. Em março foi cercado o terreno da nova sede, e aos 12 do mesmo mês foram iniciados os trabalhos do novo salão, com 27 metros de comprimento por 12 de largura, sob a direção do Sr. Almiro Rocha. No dia 04 de maio foram feitas as vigas à altura do telhado, e no dia 29 de julho, com a presença de Dom Antônio, foi abençoado o novo salão da sede da Paróquia Dom Bosco. Não podemos deixar de lembrar duas pessoas que grandemente contribuíram para a realização da obra: a irmã Bartira e o senhor Amadeu.

Desmembramento da Paróquia Dom Bosco

A paróquia de São João Bosco foi criada em 1939, pelo desmembramento da paróquia Santo Antônio. O território da neo-paróquia abrangia os atuais municípios de Terenos e de Sidrolândia, tendo por limite leste o Anhanduizinho. Pelo crescimento populacional, aos poucos, foram surgindo novas paróquias com uma longa sequência de subdivisões. Em 1950 foi criada a paróquia de São Francisco, em 1956 Terenos e Sidrolândia, em 1991 a paróquia Nosso Senhor do Bom Fim, em 1992 a paróquia Nossa Senhora das Graças, em 2001 a paróquia São Pedro Apóstolo, em 2007 a paróquia São Sebastião. A título de crônica e por amor à história também as atuais paróquias de Anhanduí, criada em 1985, a paróquia das Moreninhas, criada em1988, a paróquia de São João de Calábria, criada em 1994, e a paróquia de são João Batista, faziam parte territorialmente da paróquia Dom Bosco. Portanto atualmente são onze as paróquia que em 1939 constituíam o único território da paróquia dom Bosco.

Atualmente a paróquia Dom Bosco está reduzida ao seguinte território. Os limites são : partindo da rua Maracajú, seguindo o córrego Segredo sobe-se em direção da rua Pernambuco até à rua Arthur Jorge, continuando pela rua Monte Castelo até Mascarenhas de Morais cruzando com a avenida Cel. Antonino, descendo pela mesma rua Vila Rica até à rua Ceará, chegando à avenida Mato Grosso, seguindo pela mesma até à rua Paraíba e desta até à Maracajú à altura da rua Manoel Inácio de Souza. É bom esclarecer que os limites entre a rua Paraíba e Maracajú estão ainda indefinidos.

A paróquia Dom Bosco é parte integrante da arquidiocese de Campo Grande e segue as orientações pastorais da mesma. Por ser entregue à Congregação salesiana, procura vivenciar nas suas atividades o espírito de São João Bosco, baseado no Sistema Preventivo, na “amorevolezza” e no cuidado todo peculiar em prol da juventude, principalmente a mais periclitante.

A característica da paróquia dom Bosco foi desde a fundação, a sua profunda ligação com o Colégio Dom Bosco. O pároco residia no colégio e todos os salesianos estavam, dentro das possibilidades, sempre a serviço dos paroquianos. Hoje esta colaboração com a paróquia continua com o mesmo entusiasmo.

Os párocos foram vinte durante os 70 anos da criação da paróquia. Atualmente o Pároco, desde 2015 é o Pe. Aldir da Silva. A maioria dos párocos exerceu o cargo por breve duração, porém alguns foram de uma importância vital, dentre estes principalmente o Pe. Tomás, que foi pároco por 23 anos, e o padre José Foralosso que iniciou a nova sede, o Pe. Pascoal Forin, o Pe. Júlio Boffi, o Pe. Waldomiro e por último, o Pe. Tiago Figueiró.

Atualmente a paróquia compreende as seguintes comunidades: Capela São João Bosco, capela do Instituto São José e a comunidade do Monte Castelo que já possui o terreno para uma futura capela dedicada a Jesus Misericordioso. No território paroquial encontra-se o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora das irmãs salesiana e o Colégio Dom Bosco.

A paróquia São João Bosco já foi agraciada com a recente visita do reitor mor dos salesianos, e agora com a visita das relíquias do mesmo São João Bosco.